Não sabe o que é pediculose? Converse com os estudantes do 4º ano da professora Silvana Maria da Silva, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Felippe Alfredo Wendling, no Bairro Bela Vista, que todos irão levantar o braço para responder com propriedade sobre a doença causada pela infestação de piolhos na cabeça.
Da ideia inicial de estudar um salão de beleza, pelo desejo de se cuidar, surgiu o problema do piolho, comum na infância.
Com o tema escolhido pela turma, a professora conta que os estudantes realizaram várias atividades, como rodas de conversa entre os professores da turma e estudantes, pesquisa na internet, na busca de leituras e imagens do piolho. Depois da coleta de dados o desafio foi a produção de textos, sempre exercitando o protagonismo dos jovens pesquisadores.
Silvana acrescenta que a turma recebeu a visita de uma enfermeira e uma agente comunitária de saúde da Unidade de Saúde do Bairro, que explicaram mais sobre a pediculose, com palestra, gincana e vídeo sobre o assunto.
A partir do conhecimento sobre a pediculose, a turma montou um painel apresentado na Feira de Iniciação Científica da Felippe, onde conquistaram o segundo lugar entre as turmas dos anos iniciais da escola.
Felizes com o desempenho na feira, Silvana destacou que o próximo passo foi a criação de um produto para combater a pediculose. Ainda segundo a professora, em todas etapas do desenvolvimento do repelente, os estudantes foram protagonistas. Com apoio dos professores de Computação e de Planejamento Articulado, e das “tias” da cozinha, o “Sai Piolho” foi desenvolvido, desde a pesquisa dos ingredientes, passando pelo custo e pelo marketing do produto, sempre com participação direta dos alunos. Até a comercialização foi feita pelos estudantes, que aproveitaram o Sarau da Paz, promovido pela escola, para vender quase todos os 200 frascos do repelente, vendido por R$ 4,00 cada.
No início de novembro, a turma fez um balanço do projeto, celebrando os resultados obtidos com a pesquisa e o desenvolvimento. A fórmula do shampoo — alecrim, arruda, óleo de lavanda e água — estava fresca na memória e fluía naturalmente nas falas dos alunos. Eles também demonstraram pleno domínio sobre o modo de uso, que deve ser aplicado de forma preventiva na nuca ou atrás das orelhas. Durante as discussões, compartilharam curiosidades, como o fato de que meninas têm mais chances de contrair piolhos, que em alguns países a infestação impede a frequência escolar, enquanto no Brasil isso não ocorre. Descobriram ainda que existem clínicas especializadas em pediculose, que as fêmeas dos piolhos são maiores, que há três tipos diferentes de piolhos e que, ao contrário do que muitos pensam, eles não voam nem pulam.
Não pense que foi brincadeira, o projeto exigiu muita pesquisa, é o que conta no plural a estudante Isabelle Braga. “Nos dedicamos muito para o nosso projeto”, disse Isabelle.
Para o estudante, Daniel Ferreira dos Santos, foi muito legal e o valor do projeto foi muito grande. Sentimento compartilhado por todos os colegas, como resumiu bem Lucas de Souza Henckel. “Foi um dos melhores projetos que eu já fiz”, conta ele.
O projeto também integrou o programa “Cooperação na Ponta do Lápis”, da Cooperativa Sicredi, exercitando conceitos da Educação Financeira, além de desenvolver habilidades e competências, principalmente nas áreas de Ciências, Matemática e o protagonismo empreendedor.
Para a diretora da Felippe, Cassiane Lerner de Souza, o entusiasmo da turma foi essencial em todas as etapas, e o resultado foi um produto natural de fácil aplicação e acessível para toda a comunidade escolar. “Foi uma experiência enriquecedora, combinando aprendizado, trabalho em equipe, responsabilidade social e finanças”, comemora a diretora.FONTE: PMDI