O tempo, no relógio, é o mesmo para todos. Mas, para quem está deitado numa maca hospitalar, com dor, sofrendo, um minuto é uma hora; um dia, é um mês; e meses são anos. O que no papel pode parecer “dentro do cronograma” não acalenta a dor dos pacientes — que contribuem uma vida inteira para, quando precisam, não ter. E é isso que está acontecendo com o colapso na saúde do Rio Grande do Sul.
Exemplo disso foi Valdori Hahn, de 65 anos, morador de Dois Irmãos e que trabalhou por décadas na construção civil. Após meses de internações, dores ininterruptas – e segunda a família: erro médico e descaso na rede pública, Valdori faleceu nesta sexta-feira, 30 de maio, no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Canoas, no mesmo dia que passou por nova cirurgia.
O procedimento, conduzido pela equipe da PUC, revelou a presença de uma pinça cirúrgica deixada na coluna desde a operação anterior, realizada em janeiro. Também foram drenados 600 ml de líquidos infecciosos e removidos fragmentos ósseos, indicando um quadro grave de infecção não tratada desde o início do ano.
A morte ocorreu após um longo e doloroso percurso enfrentado por Valdori e sua família desde outubro de 2024 — que lutaram não apenas contra a doença, mas contra a negligência e a desumanidade de um sistema que deveria acolher. FONTE JORNAL O DIARIO