Dois Irmãos está sendo palco da produção de um documentário que promete revelar uma história pouco conhecida e repleta de mistérios: o curta-metragem “Vale do Diabo”. Em fase de pós-produção, o filme é dirigido pelo estudante e diretor Eduardo Abreu, que compartilhou detalhes do projeto em entrevista exclusiva.
A ideia para o documentário surgiu em 2019, quando Abreu, ao pesquisar sobre o passado da cidade, para outro projeto, encontrou na Biblioteca Pública Municipal de Dois Irmãos, o livro do primeiro prefeito, Justino Antônio Vier, Histórias de Dois Irmãos – Passado e Presente. Já no índice, o título intrigante do capítulo “A história do ‘Menino Diabo’” chamou sua atenção, levando-o a descobrir uma história fascinante e inquietante. Inspirado pelo relato – que também encontrou na obra de Felipe Kuhn Braun, São Miguel dos Dois Irmãos: O Primeiro Século de História –, decidiu adaptar o conteúdo para o cinema, inicialmente como um longa-metragem de ficção histórica. Contudo, ele optou por um docudrama (documentário e drama na linguagem do audiovisual) de curta-metragem, considerado mais viável e dinâmico para o momento.
O título “Vale do Diabo” é uma referência irônica tanto ao personagem histórico central, quanto à própria região do Vale do Sinos. “O documentário narra a trajetória de Antônio Joaquim da Silva, conhecido como ‘Menino Diabo’, um farroupilha da década de 1830 que liderava um bando de homens responsável por ataques brutais e assassinatos na região do Vale do Rio dos Sinos. Sua baixa estatura e crueldade extrema o tornaram uma figura temida e quase mitológica”, conta Abreu.
Além do elenco principal, de acordo com o diretor, o curta contou com a participação de diversos figurantes voluntários da cidade, que colaboraram para dar vida às cenas de época. “O processo de produção teve seus desafios, como a busca por figurinos adequados e a gestão de recursos limitados”, destaca. Entre os percalços, um momento marcante que aconteceu já no primeiro dia de filmagem, segundo Abreu, foi a tentativa de gravação da cena em que os morros de Dois Irmãos precisavam estar cobertos de nevoeiro. “Precisávamos de um ar de maldade se espalhando e, no dia seguinte, na hora de filmar, o nevoeiro era tanto e tão denso, que não enxergávamos absolutamente nada. Ficamos aguardando por horas e, de um minuto para o outro, a névoa se dissipou rapidamente, e não deu tempo de filmá-la como gostaríamos. Isso nos obrigou a improvisar na edição”, conta.
O curta foi um dos projetos culturais contemplados em novembro de 2024 pelo edital de chamamento público nº 17/2024, lançado pelo Departamento de Cultura de Dois Irmãos, com recursos complementares da Lei Paulo Gustavo.
O projeto recebeu um financiamento de R$ 26.210,00, sendo uma realização da Prefeitura Municipal de Dois Irmãos, Ministério da Cultura e Governo Federal. “Quase todos os recursos técnicos e humanos, como aluguel de equipamentos e contratação de equipe técnica, foram garantidos através dessa verba”, explica Abreu. No entanto, por se tratar de uma produção de escala relativamente grande para esse orçamento, também foram necessários apoios, empréstimos e voluntários, que contribuíram de forma significativa para a finalização das filmagens. FONTE JORNAL DOIS IRMÃOS