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Bioeconomia na prática: quando o lixo vira oportunidade
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Publicado em 08/06/2025 23:56
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Em Dois Irmãos, município do Rio Grande do Sul, uma cooperativa está mostrando que é possível transformar resíduos sólidos urbanos em renda, trabalho digno e inovação tecnológica. Fundada em 1994, a Cooredi – Cooperativa de Recicladores de Dois Irmãos une bioeconomia, inclusão social e tecnologia, promovendo uma revolução silenciosa, mas de grande impacto no pequeno negócio local.

Enquanto o Brasil recicla, em média, apenas 3% a 4% de seu lixo urbano, Dois Irmãos ultrapassou 20% em 2024, um resultado que evidencia como a integração entre sociedade civil, poder público e tecnologia pode mudar realidades e inspirar políticas públicas replicáveis.

Estrutura técnica e inovação

A aposta em tecnologia é um dos pilares da Cooredi. Com apoio do projeto “Dê a Mão para o Futuro”, da ABIHPEC, a cooperativa investiu R$ 330 mil em uma extrusora de plástico, R$ 237 mil do projeto e R$93 mil de contrapartida da própria cooperativa.

Segundo o presidente Roberto Araújo da Silveira: “O equipamento permite aumentar a produção, além de reduzir o consumo de energia elétrica.”

Além disso, ele destaca: “Aqui ninguém ganha mais do que ninguém. Eu, como presidente, recebo o mesmo que qualquer cooperado. Isso fortalece o espírito coletivo”.

A Cooredi realiza moagem, lavagem e extrusão do plástico, devolvendo o material diretamente à indústria para virar novas embalagens.

Segundo o presidente Fábio Rodrigo Bamberg:

“Fazemos mais de 40 classificações diferentes. São cerca de 160 toneladas/mês. Com apoio da prefeitura, conseguimos manter salário digno e estabilidade”.

O cooperado Márcio de Moura completa: “Aqui todos participam das decisões. É uma grande democracia. Isso fortalece nosso trabalho”.

A Cooredi hoje sustenta 38 famílias, oferecendo renda próxima a dois salários mínimos com condições dignas de trabalho.

A recicladora Vera Lúcia de Oliveira, há seis anos na cooperativa, emociona ao dizer: “Aqui é minha segunda casa. Cada um sabe sua tarefa. Já retiramos muito material que estaria contaminando a natureza.”

Fábio Bamberg destaca o papel do poder público: “Tem prefeituras que não apoiam, aí não funciona. Aqui, graças ao repasse e à coleta organizada, temos estabilidade.”

A Cooredi recebe mais de mil visitas por ano, entre cooperativas, técnicos de prefeituras e entidades interessadas no modelo, reforçando o seu caráter replicável.

Além disso, o modelo de gestão comunitária, investimento em tecnologia local e apoio institucional criam uma base sólida para inspirar políticas públicas e pequenos negócios sustentáveis no Brasil.

A história da Cooredi comprova: quando pequenos negócios são impulsionados por tecnologia, parceria pública e participação comunitária, a transformação é real, escalável e sustentável.

Este é o retrato do Brasil que dá certo — e que o Prêmio Sebrae de Jornalismo reconhece: um jornalismo que ilumina a potência invisível dos pequenos para gerar impacto gigante. FONTE JORNAL O DIARIO

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