Se fosse possível escolher uma pessoa que representasse dedicação, certamente Guilherme Moser estaria entre elas. Algo impensável para muitos se torna rotina para o atleta de 27 anos, que, além de manter um treinamento de alta performance, trabalha como coletor e estuda educação física. A soma de esforços rendeu frutos, com a classificação para uma importante competição em São Paulo: o 44º Troféu Brasil de Atletismo.
Mas para chegar a esse patamar no esporte, a rotina de Guilherme começa cedo, às 5h, quando ele acorda para trabalhar. Nas manhãs frias de inverno, antes mesmo de o sol raiar, já percorre as ruas de Dois Irmãos, separando e recolhendo os descartes residenciais. “Faço um café bem reforçado para aguentar o dia corrido. Tem dias em que trabalho três turnos: das 6 h às 9 h; das 12 h às 15 h; e das 17 h às 19 h.”
Entre os horários de trabalho e estudo, Moser ainda concilia treinos puxados, que visam alto desempenho em competições. Apesar da disposição e persistência, ele não esconde que o desafio é constante.
“A principal dificuldade é o cansaço, conciliando trabalho e treinos. Além disso, existe o desafio de arrumar tempo para manter uma rotina de treinos e estudos, pois também curso Educação Física.”
Além da resistência física, Moser reconhece que há o lado psicológico, igualmente importante na vida de um atleta. “O físico incomoda, mas o psicológico também. Ter de trabalhar, sabendo que logo mais tu tem treino puxado… Mas preciso me esforçar; caso contrário, não consigo evoluir.”
“A corrida é isso: cada um busca o seu melhor. Tu não vais tentar ganhar dos outros, mas vencer a ti mesmo.”
O atleta de Dois Irmãos, que nasceu em Santa Rosa, mas mora na cidade desde a infância, comenta que não tem um objetivo específico no esporte. Sua única meta é esforçar-se ao máximo, superando as barreiras físicas e financeiras que existem na vida de um atleta.
Para competir, o custo é alto, assim como em qualquer esporte profissional, que requer investimento constante. “Às vezes, pode parecer que é só calçar os tênis e o calção e sair correndo. Mas, para competir em São Paulo, o custo é alto com passagem, alimentação e hospedagem. Preciso guardar dinheiro e parcelar para conseguir. Agora estou representando a Noroeste Runners. Eles me ajudam com tênis e inscrição para competições, mas os demais custos saem do nosso bolso”, explica. “Se dá, a gente vai; se não dá, a gente continua treinando para quando der.”
Atleta tem orgulho da profissão
A vida como coletor não caiu de paraquedas na trajetória de Moser. Com muito orgulho, ele sabe a importância de sua profissão, motivado por admirar colegas que trabalhavam na Cooperativa de Recicladores de Dois Irmãos, referência nacional em gestão de resíduos. “Sempre via os guris passando lá em casa ou onde eu estava trabalhando. Sempre gostei de esporte e via eles correndo; pensei: é isso que eu quero. Quando surgiu a oportunidade, agarrei. Além disso, é uma profissão muito importante para manter a cidade limpa.”
Com muita dedicação, o atleta de irá representar Dois Irmãos no 44º Troféu Brasil de Atletismo, feito este, conquistado pela sua persistência tanto dentro quanto fora das pistas. FOTOS: Geison Concencia/Especial jornal O DiárioFONTE JORNAL O DIARIO
