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Ipea: queda na inflação foi mais sentida pela população mais pobre
Custo de vida desse grupo registrou deflação de 0,29% em agosto
Agência Brasil - Por Bruno de Freitas Moura
Publicado em 15/09/2025 16:09
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© Espaço do Povo Paraisópolis/Divulgação

No mês de agosto, a queda na inflação foi mais sentida pelas famílias mais pobres. Enquanto o índice oficial ficou negativo em 0,11%, o custo de vida para famílias que ganham até R$ 3,3 mil teve recuo superior a 0,20%. Já na outra ponta, lares com renda mensal acima de R$ 22 mil, a inflação ficou positiva em 0,10%.

A constatação está no boletim mensal Inflação por Faixa de Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento e Orçamento.

O estudo compara a inflação oficial, apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o custo de vida de diversas faixas de renda.

Das seis faixas de renda familiar mensal, as três mais baixas tiveram percepção mais acentuada da deflação (queda média dos preços):

  • renda muito baixa: -0,29%
  • renda baixa: -0,21%
  • renda média-baixa: -0,19%
  • renda média: -0,07%
  • IPCA: -0,11%
  • renda média-alta: 0%
  • renda alta: 0,10%

O levantamento divide as famílias pelas seguintes faixas de renda mensal:

  • muito baixa: menos que R$ 2.202,02
  • baixa: entre R$ 2.202,02 e R$ 3.303,03
  • média-baixa: entre R$ 3.303,03 e R$ 5.505,06
  • média: entre R$ 5.505,06 e R$ 11.010,11
  • média-alta: entre R$ 11.010,11 e R$ 22.020,22
  • alta: acima de R$ 22.020,22

Já o IPCA apura o custo de vida para famílias com rendimentos de um a 40 salários mínimos. Atualmente o valor do mínimo é R$ 1.518.

Alimentos e conta de luz

De acordo com a autora da pesquisa, Maria Andreia Parente Lameiras, as famílias mais pobres tiveram alívio maior no bolso em agosto por causa do perfil de consumo, com maior peso para itens como alimentação e habitação.

“Além da intensificação da trajetória de deflação dos alimentos no domicílio, a queda das tarifas de energia elétrica, beneficiada pela incorporação do Bônus de Itaipu, anulando a pressão vinda da adoção da bandeira vermelha patamar 2, explicam esta queda mais forte da inflação nos segmentos de renda mais baixa, dado o peso desses itens no orçamento dessas famílias”, explica.

O chamado Bônus de Itaipu é o desconto na conta de luz que beneficiou 80,8 milhões de consumidores. Conforme adiantou a Agência Brasil, a bonificação compensou a bandeira tarifária vermelha 2, que adiciona R$ 7,87 na conta e luz a cada 100 Kwh consumidos.

O estudo do Ipea aponta que, no caso dos alimentos no domicílio, destacam-se em agosto as quedas dos cereais (-2,5%), tubérculos (-8,1%), café (-2,2%) e proteínas animais: carnes (-0,43%), aves e ovos (-0,8%) e leite (-1%).

Já para a faixas de renda mais altas, indica Lameiras, a deflação dos alimentos e da energia “foi parcialmente compensada pela elevação de preços em serviços, notadamente alimentação fora do domicílio e recreação”.

Acumulado

No acumulado de 12 meses, a percepção de inflação é o inverso da registrada em agosto, com as famílias mais pobres com peso maior no bolso.

  • renda muito baixa: 5,23%
  • renda baixa: 5,33%
  • renda média-baixa: 5,19%
  • renda média: 5,08%
  • renda média-alta: 5,07%
  • renda alta: 5%

O IPCA acumulado de 12 meses chega a 5,13%, acima da meta do governo, de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para mais ou para menos, ou seja, indo no máximo a 4,5%.

“Nos últimos doze meses, as principais pressões inflacionárias vieram dos grupos alimentos e bebidas, habitação, transportes e saúde e cuidados pessoais”, aponta o estudo.

Fonte: Agência Brasil
Esta notícia foi publicada respeitando as políticas de reprodução da Agência Brasil.
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