Colecionar algo vai além de juntar objetos, é preservar memórias e expressar paixões. De bonecas a carrinhos, cada peça carrega valor afetivo. É o caso de Franciele Pereira da Silva e seu pai, Natalino Carvalho da Silva.
Franciele, 33 anos, coleciona bonecas há dez anos e possui mais de 100. Sua história com os brinquedos, porém, começa na infância. “Desde pequena, eu sempre gostei muito dos meus brinquedos, eu cuidava muito bem deles”, relata. Designer das roupas de suas bonecas, a colecionadora comenta que a fonte de sua criatividade vem de programas televisivos, filmes e livros. “Para mim, tudo tem que fazer sentido, então na época que fiz a roupa da minha boneca Cleópatra, eu já procurei uma boneca na loja que tivesse franja; também lia livros sobre ela, e então criei a roupa”, explica.
A iniciativa de costurar as roupas para as bonecas partiu de uma experiência na infância. “Quando criança, a minha mãe trazia retalhos da firma, e eu passava a tarde inteira costurando. Depois de muito tempo, comecei a costurar para vender, porém vi que as peças ficavam lindíssimas, além de ter dado muito trabalho. Então eu ficava com pena de vendê-las e decidi comprar bonecas para vesti-las com o que eu costurava”, relembra.
Atualmente, Franciele possui em seu quarto um expositor com a sua coleção de bonecas. “É um sonho ver a minha coleção hoje em dia. Tem vezes que acordo e fico olhando para elas, com vontade de tirar e brincar; é muito gratificante”, conta.
Além das bonecas, Franciele coleciona brinquedos de Kinder ovo e livros. Para ela, é preciso existir uma conexão entre o colecionador e a coleção. “Ser colecionador é com certeza ter amor envolvido pelo que se coleciona; tem que prestigiar, fazer limpezas, porque também está envolvido o apego emocional”, ressalta.
Dentre as diversas bonecas, Franciele preza pela inclusão. “Eu buscava comprar bonecas negras com feição de negras mesmo – inclusive a primeira que comprei foi aqui em Dois Irmãos. Além disso, bonecas com cabelos ondulados, corpos baixos, altos e curvilíneos e com fisionomias diferentes também”, conta.
Apesar de adulta, ela enfatiza que não existe idade para colecionador brinquedos. “Temos que quebrar esse tabu, porque às vezes as pessoas acham que não podem colecionar brinquedos. Isso serve tanto para as crianças quanto para os adultos: nunca se pode perder a criança interior; a criatividade voa entre os mundos e as faixas etárias”, afirma.
Mais de 50 carrinhos na coleção de Natalino
Natalino, 55 anos, coleciona carrinhos há quatro e possui 52 em sua coleção. Segundo ele, por enquanto a coleção está completa. “Atualmente estou começando uma nova coleção, de relógios de pulso. Mas a de carrinhos é com certeza meu xodó”, comenta.
Apesar da boa vida que tem hoje, ele relembra os tempos difíceis de sua jornada. “Eu me criei em beira de estrada, então não tinha acesso a esse tipo de brinquedo; nós brincávamos com o que tínhamos. Foram longos 38 anos trabalhando, então depois que eu tive condição, eu me apeguei”, destaca o colecionador.
Ele revela que, apesar de ter pago 50 reais em alguns dos carrinhos, há, em sua coleção, alguns que chegaram a custar 400 reais. “Sozinho tu não consegue colecionar tudo isso, tive ajuda das minhas filhas e esposa”, conta.
Natalino revela que, por mais que também tenha um expositor com todos os seus carrinhos, algumas vezes brinca com eles. “Tem alguns que até tem uma parte faltando porque deixei cair no chão enquanto brincava. Às vezes, me ajudam muito a aliviar o estresse”, relata.
Assim como a filha, ele também acredita que deve haver amor por aquilo que se coleciona. “Tem que gostar, senão não dá certo. Até porque não é só sobre colecionar, mas organizar um espaço para o que se tem. Eu mesmo tenho uma garagem específica com luzes só para o meu caminhão do Grêmio”, afirma.
Orgulho da própria história
Quanto à coleção de Franciele, ele comenta que não imaginava que a filha teria uma coleção tão grande. “Agora mesmo vi que ela tem várias. Eu não imaginei que ela fosse começar uma coleção. Quando vi, ela já tinha começado a comprar algumas”, conta.
Hoje em dia, ele sente imenso orgulho da sua história. “Esses dias mesmo gravei um vídeo mostrando minha coleção aos colegas da firma, e eles adoraram. Sempre que vem visita em casa, eu ou minha mulher mostramos a coleção, é uma satisfação imensa”, finaliza.
Assim, mais do que um simples passatempo, colecionar é uma forma de eternizar lembranças e dar novo significado ao cotidiano. Afinal, em cada objeto guardado, mora uma história que merece ser contada. FONTE JORNAL DOIS IRMÃOS